Meu filho, você não merece nada.

A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada.
 

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.
Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.
Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.
Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.
Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?
Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.
Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.
Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.
A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.
Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.
Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.
Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.
Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.
O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.
Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

 Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.
Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.
Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

julho 30, 2011 at 12:05 am Deixe um comentário

Problemas de aprendizagem na pré-escola e a psicopedagogia

As dificuldades de aprendizagem que surgem precocemente na pré-escola são de grande importância e a esperança de que o tempo as fará desaparecer , quase sempre não se concretiza.
Problemas de imaturidade global não são a única causa de tais perturbações e uma discrepância entre o potencial da criança e a sua execução, devem sempre ser avaliadas com cuidado por um profissional especializado em dificuldades de aprendizagem, qualquer que seja sua idade. A maioria dos transtornos de aprendizagem, se estabecem antes dos sete anos de idade.
É um consenso em educação que as crianças que apresentam dificuldades em acompanhar seus colegas de turma na aquisição de novas habilidades básicas estão correndo o risco de terem problemas nas diferentes áreas escolares de séries posteriores e no seu desenvolvimento cognitivo, social e afetivo, como um todo.
As primeiras experiencias na escola são da maior importância, já que o fracasso escolar vai ocasionar o desenvolvimento de um crescente sentimento de frustração e baixa autoestima.
Muitos sintomas podem denunciar esse estado na criança pequena que ainda não consegue expressar com palavras os seus sentimentos. Pode, por exemplo, tornar-se ansiosa , não conseguir dormir bem, apresentar outras condutas regressivas, como voltar a urinar na cama. Muitas começam a roer unhas, chorar sem motivo aparente, não querer comer ou comer compulsivamente. Algumas se queixam de cansaço permanente e dores imaginárias. Estão sempre frustradas e insatisfeitas. Podem surgir problemas psicossomáticos e de agressividade em diferentes níveis.
Quando um pouco mais velhas, não demonstram mais curiosidade, se tornando apáticas e desinteressadas pelo estudo, já que mesmo se esforçando não conseguem acompanhar seus coleguinhas na aprendizagem.
Sua autoestima comprometida faz aparecer comportamentos que demonstram insegurança e condutas de compensação como a agressividade, a rebeldia, o pouco caso etc., o que é preocupante, já que nessa idade sua identidade está em formação.
A autoestima é um juízo de valor que uma pessoa tem de si mesma a partir da competência que demonstra na execução de diferentes tarefas e da valorização que as pessoas que a cercam lhe dão. Como as crianças normalmente dão muita importância ao amor de seus pais, familiares, professores e coleguinhas, é de se esperar que nesses dois ambientes, família e escola, se desenvolva seu padrão de valorização pessoal.
Assim, ser mal sucedida na escola, ser alvo de brincadeiras e críticas constantes faz com que duvide do amor que lhe dedicam, que deve ser incondicional, para transmitir-lhe a segurança de que precisa para se tornar um adulto forte. Também passa a acreditar de que é diferente dos demais por não conseguir bons resultados em seus intentos, apesar de seus esforços e, assim, tenderá a se achar menos capacitada.
A autoestima enfraquecida desde suas raízes cria sentimentos de menos valia e insegurança, que acabam por gerar um ciclo vicioso de fracasso e baixa autoestima: quanto menor um, maior o outro…
Por esses motivos, aconselhamos pais e professores a estarem atentos a seus filhos e alunos. Procurar um psicopedagogo, pode afastar desde cedo problemas importantes de aprendizagem da vida de muitas crianças.

Texto de Maria Irene Maluf.

março 31, 2011 at 6:05 pm Deixe um comentário

Afetividade: A questão afetiva se bem atendida ajudará seu filho para que tenha êxito na escola

O aspecto afetivo tem uma profunda influência sobre o desenvolvimento intelectual. Ele pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento. Ele pode determinar sobre que conteúdos a atividade intelectual se concentrará. Na teoria de Piaget, o desenvolvimento intelectual é considerado como tendo dois componentes: um cognitivo e outro afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo está o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses , desejos, tendências, valores e emoções em geral. Piaget aponta que há apectos do afeto que se desenvolve.

O afeto apresenta várias dimensões, incluindo os sentimentos subjetivos (amor, raiva, depressão) e aspectos expressivos (sorrisos, gritos, lágrimas). Na sua visão, o afeto se desenvolve no mesmo sentido que a cognição ou inteligência. E é responsável pela ativação da atividade intelectual.

Em vários livros Piaget descreveu cuidadosamente o desenvolvimento afetivo e cognitivo do nascimento até a vida adulta, centrando-se na infância. Com suas capacidades afetivas e cognitivas expandidas através da contínua construção, as crianças tornam-se capazes de investir afeto e ter sentimentos validados nelas mesmas.

Neste aspecto, a auto-estima mantém uma estreita relação com a motivação ou interesse da criança para aprender.

O afeto é o princípio norteador da auto-estima. Após desenvolvido o vínculo afetivo, a aprendizagem, a motivação e a disciplina como ‘meio’ para conseguir o auto-controle da criança e seu bem estar são conquistas significativas.

Atendendo as necessidades afetivas de seus filhos, desde cedo, eles se tornarão mais satisfeitos consigo mesmo e com os outros, e terão mais facilidades e disposição para aprender.

Fora um receituário, diria que a criança sente-se amada quando:

  • Precisa de consolo e encontra braços abertos: Mãos que lhe acariciam o joelho ferido ou enxugam suas lágrimas, quando está triste ou de mau humor;
  • Ouve uma história aconchegada no colo , recebendo carícias;
  • O tom de voz lhe é agradável e suave, produzindo-lhe um ambiente sereno e sem tensão. E as palavras ditas (“-Gosto de você!” “-Amo você!”) talvez lhe sejam a melhor coisa .
  • Não é comparada a outra, mas aceita como é (Quando preciso diga-lhe que não aprova ou não gosta de certas coisas que ela faz, mas deixe claro que gosta sempre dela).
  • A criança observa o seu modelo, por isso procure sorrir sempre e cuidar do seu modo de agir diante dela.
  • Considerando-se tais observações não podemos nunca esquecer que a criança tem, mais que o “senso”, a sensibilidade da justiça, do que lhe é justo. Portanto não deixe que faça tudo o que quer. Procure ser justo. Saiba dizer não, os limites devem ser colocados desde cedo. Ofereça-lhe segurança e não lhe negue a mão. Que ela assim não tenha medo, face as novas experiências que lhe são propostas. Quanto mais coisas ela realiza , mais segura se sente. Se necessário, não tema incentivá-la a brincar com outras crianças, fazendo com que se relacione com pessoas diferentes. E a frente destas, que nunca se sinta envergonhada, nem ridicularizada.
  • A verdade sempre prevalece. Por exemplo, não saia às escondidas, mesmo que ela chore e não ameace com mentiras ou coisas que não cumprirá. Um outro aspecto a lembrar é que a superproteção cria dependências em excesso. Seja firme sem ser duro. É importante obedecer ao que é justo e acrecente “sei como você se sente” explicando-lhe o porquê. Sempre é bom orientá-la sobre o que é seguro e o que é perigoso ensinando-lhe a fazer coisas que sejam capazes ( para que conquistem auto-confiança e autonomia).
  • É fundamental para o desenvolvimento da criança o brincar… o inventar coisas (com sucata ou os próprios brinquedos), a curiosidade.
  • Poderíamos lembrar ainda que a criança precisa aprender a controlar-se, tão logo possa compreender o sentido da palavra “controlar” e que tenha tarefas para realizar, terminando o que começou (Parabenize e elogie o que ela fez). O diálogo e o “bate-papo franco” que a leve a refletir sobre os outros irá ajudá-la a respeitar as pessoas. Lembre-a que não deve rir das pessoas, colocar-lhes apelidos ou zombar de seus erros.
  • Enfim, cabe-nos ajudá-las a acreditar em si mesmas. O que a criança pensa de si mesma é mais importante do que ela sabe.
  • OS BONS SENTIMENTOS SÃO IMPORTANTES. OS EDUCADORES SABEM QUE AS CRIANÇAS APRENDEM MELHOR QUANDO ESTÃO SATISFEITAS COM ELAS MESMAS.
  • A criança que sente-se amada, aceita , valorizada e respeitada, adquire autonomia, confiança e aprende a amar, desenvolvendo um sentimento de auto-valorização e importância. A auto- estima é uma coisa que se aprende. Se uma criança tem uma opinião positiva sobre si mesma e sobre os outros, terá maiores condições de aprender.
  • O sentimento de ‘não sou ninguém’ levará a criança a não se esforçar muito, a não ter desejo de aprender, a ficar indiferente diante do êxito ou do fracasso. E esse sentimento pode criar problemas de aprendizagem e de comportamento.
  • Como a criança pode aprender a ter sentimentos positivos a respeito dela mesma? O que é que os pais podem fazer para desenvolver a auto estima em seus filhos?
Maria do Rosário Silva Souza
Psicopedagoga – Campinas/SP


fevereiro 5, 2011 at 6:54 pm Deixe um comentário

Parceria entre família, escola e profissionais

Por: Marina Reis Botelho

Família e escola são pontos de apoio e sustentação à criança. Desta forma, conhecer o aluno é uma tarefa primordial do professor e da escola, pois irá interferir no planejamento educacional mais adequado. Já a família, é o cenário onde se vivem experiências que orientam o comportamento do indivíduo para a vida. Além destas bases, o aluno pode contar ainda com o apoio multidisciplinar, cuja função é a de resgatar potencialidades individuais e fazer com que o sujeito compreenda melhor suas atitudes diante de atitudes dos outros.

Entender o indivíduo como parte de um sistema, com elementos que interagem entre si, influenciando cada parte e sendo por ela influenciado, traz uma luz à compreensão acerca do desenvolvimento humano, contribuindo para a reflexão sobre os contextos familiar, escolar e multidisciplinar, que tanto podem ser elementos de inclusão e segurança, como fontes de conflitos.

A parceria se baseia no relacionamento entre pessoas ou instâncias que apresentam objetivos comuns. No caso de crianças com dificuldades de aprendizagem, a parceria entre a família, a escola e também os profissionais que as acompanham deve ter como objetivo principal a criação de recursos que viabilizem o crescimento, o aperfeiçoamento acadêmico e pessoal destas crianças. Guenther (2006) enfatiza que educar é tarefa tão ampla, complexa e multidimensional, que é ingenuidade acreditar que poderia ser realizada por uma só entidade.

A partir do momento em que a escola, a família e os profissionais compreendem as dificuldades e os esforços da criança, é mais fácil buscar os recursos para ajudá-la a superar os problemas no processo de aprendizagem.

Na realidade, pode haver obstáculos na comunicação entre estas categorias. Snowling (2004) ressalta que os pais das crianças com dificuldades de aprendizagem tendem a ser percebidos de maneira negativa pela escola. Em geral, esses próprios pais tiveram dificuldade para aprender a ler e a escrever, e sua ansiedade com relação ao seu filho pode ser mesclada de culpa sobre sua própria inadequação na alfabetização. Porém, é exatamente neste ponto que a parceria pode e deve ser construída. A partir do momento em que o contexto é compreendido, o apoio se fortalece.

Quanto mais eficaz for a comunicação, melhor será a parceria e mais positivos e significativos serão os resultados na formação do sujeito. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares. A participação dos pais na educação formal dos filhos deve ser constante e consciente. O modo como os professores percebem as limitações de seus alunos e o modo como alertam os pais sobre estas dificuldades faz toda a diferença na busca por ajuda. O apoio do profissional especializado contribui não só para a melhora pedagógica, emocional ou cognitiva, mas essencialmente na interface entre a escola e a família.

É muito importante que essas três instâncias se tornem parceiras diante da situação de dificuldade de aprendizagem da criança. Cada um deve sentir que tem algo a contribuir dentro de suas possibilidades para o melhor desenvolvimento das potencialidades e talentos da criança.

janeiro 4, 2011 at 2:29 pm Deixe um comentário

FELIZ ANO LETIVO

Adriane Albuquerque Cirelli

Passada a euforia da virada do ano, encontros familiares, Papai Noel e brindes do reveillon, é hora de planejar o ano e um assunto que ocupa boa parte da preocupação dos pais, sem dúvida, é a escola dos filhos. A Psicopedagogia, enquanto área de atuação que enfoca o indivíduo em relação com a aprendizagem, levanta aspectos interligados entre escola e família.

Quando um filho vai para a escola, na verdade, vai a família representada pelo filho que se torna participante de um processo educacional formalizado. A maneira como a família valoriza a escolaridade, o meio incentivador ou desestimulante ao crescimento cultural, a escala de valores e os princípios norteadores da vivência social influenciam o sucesso ou o insucesso do aluno.

Nesse início de ano, às portas do início do ano letivo, alguns pais estão ainda escolhendo a escola para seus filhos. Escolher uma escola entre tantas não é uma tarefa fácil. A decisão, contudo, deve ser bem planejada e seguir alguns princípios.

Nem sempre a melhor escola para o filho é a mais próxima de sua casa.  A escolha da escola deve primeiro considerar que a escola ainda hoje é o segundo lar e por isso deve dar continuidade à educação familiar. Uma família que preze não apenas pela valorização dos conteúdos, mas que busque na escola uma aliada aos princípios de cidadania, de justiça social, de desenvolvimento da responsabilidade enquanto ser humano, não deve matricular seu filho em uma escola que valorize apenas a avalanche de conteúdos programáticos porque esse filho poderá sentir-se desanimado e ver na escola um lacuna não preenchida de sua vida.

Os terroristas que planejaram os atentados de 11 de setembro devem ter sido excelentes alunos de escolas que promoveram avalanches de conteúdos, pois foram perfeitos nos cálculos matemáticos e físicos quando planejaram os encontros dos aviões com os prédios. A massa, o peso, a velocidade, o tempo, todos os itens foram corretamente calculados. Faltaram as noções humanistas básicas de valorização da vida.

Uma família de um meio informatizado não deve matricular seu filho em uma escola que ainda hoje utilize e valorize documentos manuscritos ou cópias intermináveis da lousa porque o aluno sente-se partido entre dois mundos,  o familiar legal e o escolar chato.

Uma família que valorize a formação do indivíduo para um meio de status social, de aparência física, de  grandes posses não deve matricular seu filho em uma escola que não tem um belíssimo prédio pois a decepção instala-se já no primeiro olhar.

Uma família que prepara o filho para a independência, para a responsabilidade, para a participação, para o diálogo, não deve matricular seu filho em uma escola que mantenha o aluno como ser paciente e receptor de decisões impostas pela direção da escola, pois para o aluno fica a experiência da frustração, do não reconhecimento e conseqüentemente não se forma o vínculo necessário para a aprendizagem  eficaz.

Quando o ano letivo é o primeiro da história da vida de uma criança, a atitude da família deve ser positiva e eufórica. A compra do material, da mochila, do uniforme, deve ser momentos de alegria, de prazer, de quem espera algo bom que vai chegar. A fala “que bom, chegou há sua hora, mamãe está feliz porque você já pode brincar na escola”, transmite à criança a segurança de quem vai vivenciar um privilégio, de quem vai desfrutar de uma felicidade. Enquanto que a fala “coitadinho, tão pequeno é já vai ter que passar tantas horas longe da mamãe”, transmite à criança a idéia de escola enquanto castigo, enquanto perda do carinho familiar, enquanto início de sofrimento.

A maneira como os pais transmitem uma situação inicial já evidencia os futuros anos escolares. Lembro-me como experiência pessoal do início do colegial, hoje ensino médio, quando por orientação de meus professores fui transferida por meus pais da escola pública para a particular e diante do preço da mensalidade manifestei minha preocupação para meu pai, em estudar na escola mais cara da cidade, imediatamente ele me respondeu “minha filha, sua educação não tem preço se você aproveitar, essa será a sua herança, a educação que você receber”. Lembro-me o quanto me senti encorajada e estimulada ao novo que viria.

Alguns pais mesmo que sem problemas financeiros, lamentam-se do que investem na educação dos filhos, ou do trabalho em transitar para levar e buscar, ou ainda do material a ser adquirido ou  e o que é pior, alegam em que poderiam investir o dinheiro despendido em educação, transformando o filho em um grande peso na vida familiar. Freqüentemente, no consultório, ouço crianças dizerem que não deveriam ter nascido porque só existem para dar trabalho, como se fossem culpados por estarem em desenvolvimento.

Nesse sentido, a maioria dos deficientes e diferentes talvez sejam mais felizes, pois suas conquistas são muito mais valorizadas e aplaudidas por seus pais,  familiares e professores. Quem sabe para esses a escola da vida já tenha mediado as maiores lições.

Família e escola são instituições distintas, mas que só atingem o sucesso se caminharem de mãos dadas. Um aluno é antes de tudo um filho que deve se sentir amado ! A perfeição não faz parte dos pais que cada vez mais procuram os consultórios para pedirem ajuda na nobre missão de criar filhos. Nessa relação, não pode faltar amor… e havendo amor teremos um feliz ano letivo!

janeiro 3, 2011 at 12:27 pm Deixe um comentário

LETROCA

Os jogos promovem à criança uma aprendizagem boa e de forma prazerosa, fazendo com que ela se desvincule do contexto de situação de aprendizagem formal. Alguns jogos de computador são muito bons e saudáveis, pois trabalham com diversos temas, desenvolvendo a coordenação motora da criança, o raciocínio lógico e outras habilidades benéficas ao seu desenvolvimento.

Letroca é um jogo que trabalha a habilidade de leitura e escrita, possibilitando a ampliação do vocabulário da criança. O jogo desenvolve, ainda, a atenção e percepção. Existem duas opções no Letroca: jogar com  ou sem limite de tempo. Para as crianças o aconselhável é que joguem inicialmente sem limite de tempo, para que elas não fiquem ansiosas e acabem desistindo de jogar.

O objetivo do Letroca é formar o maior número de palavras a partir das letras disponíveis. Quanto mais palavras se forma, mais pontos se ganha. Nem todas as palavras são consideradas válidas no jogo; apenas aquelas cadastradas no banco de dados. Na opção “como jogar?” são fornecidas todas as regras e orientações.

É necessário ressaltar a importância de se impor limite de tempo à criança, pois ficar muito tempo na tela do computador é prejudicial a sua saúde.

Site: http://www.fulano.com.br/scripts/jogosonline/letroca/letrocaabertura.asp

Por: Aprendizagem em Foco

dezembro 27, 2010 at 12:41 pm Deixe um comentário

Bullying: é preciso levar a sério ao primeiro sinal

Esse tipo de violência tem sido cada vez mais noticiado e precisa de educadores atentos para evitarem consequências desastrosas.

Fonte: Andréia Barros – Nova Escola

Entre os tantos desafios já existentes na rotina escolar, está posto mais um. O bullying escolar – termo sem tradução exata para o português – tem sido cada vez mais reportado. É um tipo de agressão que pode ser física ou psicológica, ocorre repetidamente e intencionalmente e ridiculariza, humilha e intimida suas vítimas. “Ninguém sabe como agir”, sentencia a promotora Soraya Escorel, que compõe a comissão organizadora do I Seminário Paraibano sobre Bullying Escolar, que reuniu educadores, profissionais da Justiça e representantes de governos nos dias 28 e 29 de março, em João Pessoa, na Paraíba. “As escolas geralmente se omitem. Os pais não sabem lidar corretamente. As vítimas e as testemunhas se calam. O grande desafio é convocar todos para trabalhar no incentivo a uma cultura de paz e respeito às diferenças individuais”, complementa.

A partir dos casos graves, o assunto começou a ganhar espaço em estudos desenvolvidos por pedagogos e psicólogos que lidam com Educação. Para Lélio Braga Calhau, promotor de Justiça de Minas Gerais, a imprensa também ajudou a dar visibilidade à importância de se combater o bullying e, por consequência, a criminalidade. “Não se tratam aqui de pequenas brincadeiras próprias da infância, mas de casos de violência, em muitos casos de forma velada. Essas agressões morais ou até físicas podem causar danos psicológicos para a criança e o adolescente facilitando posteriormente a entrada dos mesmos no mundo do crime”, avalia o especialista no assunto. Ele concorda que o bullying estimula a delinquência e induz a outras formas de violência explícita.

Seminário – Organizado pela Promotoria de Justiça da Infância e da Adolescência da Paraíba, em parceria com os governos municipal e estadual e apoio do Colégio Motiva, o evento teve como objetivo, além de debater o assunto, orientar profissionais da Educação e do Judiciário sobre como lidar com esse problema. A Promotoria de Justiça elaborou um requerimento para acrescentar os casos de bullying ao Disque 100, número nacional criado para denunciar crimes contra a criança e o adolescente. O documento será enviado para o Ministério da Justiça e à Secretaria Especial de Direitos Humanos.

Durante o encontro também foi lançada uma publicação a ser distribuída para as escolas paraibanas, com o objetivo de evidenciar a importância de um trabalho educativo em todos os cenários em que o bullying possa estar presente – na escola, no ambiente de trabalho ou mesmo entre vizinhos. Nesse manual, são apresentados os sintomas mais comuns de vítima desse tipo de agressão, algumas pistas de como identificar os agressores, conselhos para pais e professores sobre como prevenir esse tipo de situação e mostram-se, ainda, quais as consequências para os envolvidos.

Em parceria com a Universidade Maurício de Nassau, a organização do evento registrou as palestras e as discussões – o material se transformará num vídeo-documentário educativo que será exibido nas escolas da Paraíba, da Bahia e de Pernambuco.

dezembro 20, 2010 at 3:49 pm Deixe um comentário

Educação e Autoridade

Um não na hora certa é necessário, e mais que isso: é saudável e prepara bem mais para a realidade da vida

Texto Lya Luft

"Negar a necessidade de ordem e disciplina promove hostilidade, grosseria e angústia"


Antes de uma palestra sobre Educação para algumas centenas de professores, um jornalista me indagou qual o tema que eu havia escolhido. Quando eu disse: Educação e Autoridade, ele piscou, parecendo curioso: “Autoridade mesmo, tipo isso aqui pode, aquilo não pode?”. Achei graça, entendendo sua perplexidade. Pois o temaautoridade começa a ser um verdadeiro tabu entre nós, fruto menos brilhante do período do “É proibido proibir”, que resultou em algumas coisas positivas e em alguns desastres – como a atual crise de autoridade na família e na escola. Coloco nessa ordem, pois, clichê simplório, porém realista, tudo começa em casa.

Na década de 60 chegaram ao Brasil algumas teorias nem sempre bem entendidas e bem aplicadas. O “é proibido proibir”, junto com uma espécie de vale-tudo. Alguns psicólogos e educadores nos disseram que não devíamos censurar nem limitar nossas crianças: elas ficariam traumatizadas. Tudo passava a ser permitido, achávamos graça das piores más-criações como se fossem sinal de inteligência ou personalidade. “Meu filho tem uma personalidade forte” queria dizer: “É mal-educado, grosseiro, não consigo lidar com ele”. Resultado, crianças e adolescentes insuportáveis, pais confusos e professores atônitos: como controlar a má-criação dos que chegam às escolas, se uma censura séria por uma atitude grave pode provocar indignação e até processo de parte dos pais? Quem agora acharia graça seria eu, mas não é de rir.

Gente de bom senso advertiu, muitos ignoraram, mas os pais que não entraram nessa mantiveram famílias em que reina um convívio afetuoso com respeito, civilidade e bom humor. Negar a necessidade de ordem e disciplina promove hostilidade, grosseria e angústia. Os pais, por mais moderninhos que sejam, no fundo sabem que algo vai mal. Quem dá forma ao mundo ainda informe de uma criança e um pré-adolescente são os adultos. Se eles se guiarem por receitas negativas de como educar – possivelmente não educando -, a agressividade e a inquietação dos filhos crescerão mais e mais, na medida em que eles se sentirem desprotegidos e desamados, porque ninguém se importa em lhes dar limites. Falta de limites, acreditem, é sentida e funciona como desinteresse.

Um não é necessário na hora certa, e mais que isso: é saudável e prepara bem mais para a realidade da vida (que não é sempre gentil, mas dá muita porrada) do que a negligência de uma educação liberal demais, que é deseducação. Quem ama cuida, repito interminavelmente, porque acredito nisso. Cuidar dá trabalho, é responsabilidade, e nem sempre é agradável ou divertido. Pobres pais atormentados, pobres professores insultados, e colegas maltratados. Mas, sobretudo, pobres crianças e jovenzinhos malcriados, que vão demorar bem mais para encontrar seu lugar no grupo, na comunidade, na sociedade maior, e no vasto mundo.

Não acho graça nesse assunto. Meus anos de vida e vivência mostraram que a meninada, que faz na escola ou nas ruas e festas uma baderna que ultrapassa o divertimento natural ao seu desenvolvimento mental e emocional, geralmente vem de casas onde tudo vale. Onde os filhos mandam e os pais se encolhem, ou estão mais preocupados em ser jovenzinhos, fortões, divertidos ou gostosas do que em ser para os filhos de qualquer idade algo mais do que caras legais: aquela figura à qual, na hora do problema mais sério, os filhos podem recorrer porque nela vão encontrar segurança, proteção, ombro, colo, uma boa escuta e uma boa palavra.

Não precisamos muito mais do que isso para vir a ser jovens adultos produtivos, razoavelmente bem inseridos em nosso meio, com capacidade de trabalho, crescimento, convívio saudável e companheirismo e, mais que tudo, isso que vem faltando em famílias, escolas e salas de aula: uma visão esperançosa das coisas. Nesta época da correria, do barulho, da altíssima competitividade, da perplexidade com novos padrões – às vezes confusos depois de se terem quebrado os antigos, que em geral já não serviam -, temos muita agitação, mas precisamos de mais alegria.

dezembro 19, 2010 at 7:19 pm Deixe um comentário

Repetir de Ano Não é o Fim do Mundo

Por: Renata Gongola

Repetência é uma situação difícil para pais e filhos

Estamos na reta final do ano letivo e muitos pais devem ter chegado à conclusão de que seus filhos não irão para a próxima série. Se já estão esgotadas as possibilidades de recuperar o conteúdo pedagógico do ano e as notas, é hora de pensar nos erros para evitar repeti-los no futuro.

Para os pais, a repetência é um assunto delicado porque muitas vezes envolve dinheiro, quer dizer, um investimento que aparentemente não teve rendimento ou aproveitamento. E na visão de alguns, é um sinal que algo não está bem na família e refletiu no rendimento escolar do filho.

Para o aluno que já percebeu que não irá acompanhar a turma no próximo ano também é um momento complicado, que traz à tona sentimentos como vergonha por não ter conseguido alcançar o que a maioria de seus amigos conquistou.

Neste momento, tente se aproximar da criança ou do adolescente e seja justo, levando em consideração o motivo da repetência; nem sempre não atingir as metas é culpa exclusiva do aluno.

A repetência não deve ser encarada como o fim do mundo porque para alguns alunos é uma oportunidade de amadurecer tanto emocionalmente como pedagogicamente. Também pode ser uma oportunidade para os pais perceberem a necessidade de outros tipos de ajuda.
Um diagnóstico feito por uma psicóloga ou psicopedagoga pode verificar se há algo de errado no processo de aprendizagem, por exemplo.
Não tenha medo ou receio de procurar ajuda, muitas vezes as respostas e soluções estão bem abaixo de nossos olhos. O processo de aprendizagem envolve muitos fatores e muitos aspectos devem ser levados em consideração, como a vida escolar, a relação familiar, a alimentação e a saúde.

Procure acompanhar os problemas escolares ao longo do ano e não só no fim, quando muitas vezes já não há chances de recuperação.
Durante o ano, o aluno deve ser incentivado a buscar alternativas para evitar a reprovação, como procurar seus professores, demonstrando preocupação por não estar entendendo o conteúdo, tirar dúvidas, dedicar mais tempo aos estudos e dialogar com os pais sobre suas dificuldades escolares.
A escola deve sempre repensar suas atitudes e mudar, quando preciso. No caso de um aluno que não conseguiu melhorar suas notas nem seu rendimento escolar, é preciso observar se a escola buscou alternativas para diagnosticar e ajudar este aluno durante o ano. É sempre indicado à escola informar aos pais o rendimento escolar de seu filho, para que juntos possam colaborar com o aprendizado da criança ou adolescente.

dezembro 18, 2010 at 3:55 pm Deixe um comentário

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dezembro 10, 2010 at 3:55 pm 1 comentário


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